quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Qual é a nossa missão?

 Eu, você e todos os cristãos temos um chamado especial de Deus

Você já parou para pensar para que servem os balões? Eles com suas diferentes cores e tamanhos, ornamentam festas, alegram o ambiente, divertem as crianças, chamam atenção daqueles que olham, enfeitam o mundo. Muito bem! No entanto, eles só conseguem fazer tudo isso se estiverem cheios. Para que servem balões vazios? Não servem para nada, não têm vida, não tem beleza, não alegram, vão para o lixo.

E os cristãos? Para que servem os cristãos?

Deus, para salvar a cada um de nós, enviou seu Filho e Seu Filho enviou a Igreja, isto é, os Apóstolos e seus sucessores (cf. Mt 10, 16ss; Jo 20,21-23), com a missão de espalhar a Boa Nova do Reino de Deus pelo mundo. A missão dos apóstolos, e de todos nós que aderimos a Cristo, é continuar sua missão nesta terra. Que missão! Difícil, árdua, mas muito bela; levar cada pessoa viver no Reino de Deus; reino de paz, de amor, de verdade, de justiça e de liberdade. Levar as pessoas a um dia viver eternamente com Deus no Céu. São Paulo disse que “olhos humanos jamais viram, ouvidos humanos jamais ouviram, e coração humano jamais sentiu o que Deus tem preparado para aqueles que o amam”. (1 Cor 2,9; Is 64,4).

A Didaquê, um documento cristão do primeiro século, dizia que: “Aquilo que a nossa alma é para o corpo, os cristãos são para o mundo”. Sem a alma o corpo não tem vida, sem os cristãos o mundo não tem vida. Por isso Jesus disse: “Vós sois o sal da terra” (Mt 5,13). “Vós sois a luz do mundo” (Mt 5,14). A luz do cristão, que é a Luz de Cristo, ilumina este mundo de trevas do pecado: ódio, ganância, brigas, mortes, roubos, adultérios, vanglórias, exibicionismos, orgias, comilanças, bebedeiras…

É o sal que dá sabor ao alimento e que o conserva. Só Cristo conserva a vida com sabor e com integridade. E Ele quer que os cristãos sejam os portadores e irradiadores dessa luz que ilumina as trevas e esse sal que dá sabor e vida.

Mas, para continuar a missão de Cristo, é necessário sermos semelhantes a Ele. Ele deixou claro que sem Ele não podemos fazer nada (cf. João 15,5). Por isso, o cristão só poderá ser o sal da terra e a luz do mundo se estiver repleto de Cristo. São Paulo era um gigante evangelizador porque tinha consciência de que não era ele quem vivia, mas que “Cristo vivia nele”, e lhe dava força e coragem de enfrentar muitas viagens, perseguições, açoites, prisões, etc..

E quem nos faz semelhantes a Cristo, repletos de Cristo, portadores de Cristo, é o Espírito Santo.

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Como os leigos podem ajudar na construção do Reino de Deus?

O Espírito de Jesus habita em nós para fazer-nos imagens de Jesus; esta é a vontade do Pai, que cada um de nós seja uma réplica de seu amado Jesus. E quem faz isso é o Espírito Santo. Ele nos leva a atingir o estado de homem perfeito, a estatura e maturidade de Cristo” (Ef 4,13). Os cristãos precisam estar cheios do Espírito Santo. O que podem fazer cristãos vazios? Cristãos vazios são como balões vazios! Não podem fazer nada.

Continuar a missão de Cristo aqui na terra é algo muito sério. Embora, muitos não sejam conscientes disso, todos são chamados. O parágrafo 900 do Catecismo da Igreja Católica deixa bem claro que:

“Uma vez que, como todos os fiéis, os leigos são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, eles têm a obrigação e gozam do direito, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente por meio deles que os homens podem ouvir o evangelho e conhecer a Cristo.”

Os leigos estão na linha mais avançada da vida da Igreja, no mundo secular e precisam ter uma consciência clara, não somente de pertencerem à Igreja, mas de “serem” Igreja.

O leigo tem como vocação própria, estabelecer o Reino de Deus exercendo funções no mundo, no trabalho, na cultura, na política, etc., ordenando-as segundo o Plano e a vontade de Deus. Cristo os chama a ser “sal da terra e luz do mundo”. O leigo chega aonde o sacerdote não chega. Ele deve levar a luz de Cristo aos ambientes de trevas, de pecado, de injustiça, de violência, etc.. Assim, no mundo do trabalho, levando tudo a Deus, o leigo contribui para o louvor do Criador, se santifica e santifica o trabalho. Ele constrói o mundo pelo labor, e assim coloca na obra de Deus a sua assinatura. Torna-se co-criador com Deus.

O Concílio Vaticano II resgatou a atividade do leigo na Igreja: “Os leigos que forem capazes e que se formarem para isto podem também dar sua colaboração na formação catequética, no ensino das ciências sagradas e atuar nos meios de comunicação social” (Cat. n.906).

O Código de Direito Canônico dá ao leigo o direito e o dever de dar a sua opinião aos pastores:

“De acordo com a ciência, a competência e o prestígio de que gozam, têm o direito e, às vezes, até o dever de manifestar aos pastores sagrados a própria opinião sobre o que afeta o bem da Igreja e, ressalvando a integridade da fé e dos costumes e a reverência para com os pastores, e levando em conta a utilidade comum e a dignidade das pessoas, deem a conhecer essa sua opinião também aos outros fiéis. (Cat. 907; Cânon 212,3).

Para ser firme no cumprimento de sua missão de batizado e missionário, o leigo precisa ter uma vida espiritual sadia. O Papa João Paulo II disse um dia que: “A eficácia do trabalho apostólico do fiel leigo está intimamente associada à sua base espiritual, à sua vida de oração pessoal e comunitária, à frequência na recepção dos Sacramentos, sobretudo a Eucaristia e a Penitência e à sua reta formação doutrinária.”



Sem isso, não podemos ser repletos do Espírito Santo e de agir pelo poder de Cristo em nós. O leigo que não reza, não se Confessa, não Comunga, não lê e não medita a Palavra de Deus, não tem perseverança na missão, e como acontece com muitos sacerdotes também, acaba sendo afastado dela.

Mais do que nunca a Igreja precisa hoje dos leigos no campo de batalha do mundo; pois hoje ela é magoada, ofendida, perseguida e tida por muitos como a culpada de todos os males. Uma escala de valores pagã tenta insistentemente substituir a civilização cristã por uma cultura de morte (aborto, eutanásia, destruição de embriões, suicídio assistido…); e Deus vai sendo expulso da sociedade como se fosse um mal, e a religião católica vai sendo atacada por um laicismo agressivo anticristão. Nossa missão hoje, mais do que nunca, é pelo poder do Espírito Santo, sermos testemunhas de Jesus Cristo; e mostrar o mundo que sem Ele não há salvação eterna e nem felicidade terrena.

Prof. Felipe Aquino